Lea T, o Conto sem Fadas.

Gente, como eu gostei de ver a entrevista de Lea T ao Fantástico neste domingo (20/02/11).
Lea contou relatos sobre sua infancia, adolecencia e até da fase adulta de uma maneira que
jamais havia visto uma transexual fazer; com uma naturalidade e sem enfeitar as palavras ou situações, Lea abordou todos os assuntos que norteiam a transexualidade com serenidade, deixando transparecer
a realidade; SER TRANSEXUAL NÃO  É GLAMOUR (como falei à alguns posts atrás), não existe vantagem alguma em ser transexual, e apesar de sermos pessoas normais (como todos) somos cobradas e discriminadas o tempo todo. O fato é que a Top Model disse nesta entrevista coisas que até mesmo eu, por muitas vezes tive vontade de dizer em algumas das entrevistas que dei, mas não tive coragem, pelo fato de ser eu uma militante, formadora de opinião e iria possivelmente assim influenciar negativamente a outras pessoas. Mas esta é a verdade e a realidade de muitas senão da maioria das transexuais.



Não somos felizes, não temos tempo para isso. Pois como disse Lea, são os conflitos pessoais, a preocupação em tornar-se feminina, cirurgias pláticas (e as que não tem condições?), luta contra os pêlos do corpo, a dificuldade muitas vezes de acessar o programa do Processo Transexualizador, familia, escola, mercado de trabalho (fugir da prostituição), mudar o nome oficial nos documentos, etc...
Lea utilizou ainda de uma frase que uso e meu marido até me censura: "Não sou feliz, tenho é momentos de felicidade"! Isso define o porque de tantos casos de depressão em transexuais pré e pós- operatório.
É alarmante o número de transexuais que sofrem de depressão e problemas semelhantes, um dia postarei especificamente sobre este assunto.
A própria modelo contou que para fugir da prostituição, lugar onde a sociedade "empurra" geralmente as transexuais e travestis, ligou chorando para um amigo e ele a ajudou a ingressar no mundo das passarelas.

[Foi o momento de maior emoção para a moça e para mim, pois representa um pedido de socorro que já fiz e me cansei de esperar por respostas...]

Tenho como certo que a partir deste desabafo, sem estrelismo e sem aquele "conto de fadas" comum à questão, explorando de forma respeitosa e realista a transexualidade, algumas pessoas sentiram-se tocadas, sensibilizadas, identificadas, envergonhadas, apaixonadas, chocadas ou orgulhosas com este exemplo de vida e dignidade de uma transexual. mas o mais importante é que a matéria leve as pessoas a refletirem. A respeitar o ser humano, e não simplismente julgar e condenar sem saber que por detrás tem toda uma história, geralmente construida com muito sofrimento e lutas diárias para chegar até alí, à sua frente. Ninguém é juiz de ninguém. Cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é. Se eu tivesse o direito de escolha, certamente não teria escolhido ser transexual e sofrer tudo o que sofri e passar por tantas situações que passei e fiz minha familia, (que não escolheu ter uma transexual em seu seio) passar.

Enfim, agora que já assinei embaixo de tudo que a Lea T disse, pesquisarei mais sobre a moça na rede para de repente elaborar um post sobre a transexualidade em cada fase da vida de Lea, pois vi que ela lidou super bem com a questão, pois não usou o clichê que sempre se sentiu uma menininha, e disse que sentia-se um menino, percebia-se como um menino na idade de menino, passou pela fase de "se montar" quando foi travesti (segundo ela), e quando procurou auxilio profissional para entender o que acontecia consigo, pois não desejava namorar e nem ficar com meninos, pois sendo "travesti" pareceria uma "relação gay", então deseja realizar a cirurgia de readequação para adequar seu sexo de nascimento a sua cabeça e alma, agora entendidas como femininas.
Realmente uma história respeitável, uma menina Fantástica dando um Show da Vida!

11 comentários:

  1. BELISSIMO MOMENTO DE INSPIRAÇAO DA CRIS ,PARABENS ,ESCREVEU MUITO BEM BASEANDO-SE NA REPORTAGEM QUE ACABARA DE VER NA TV ,REALMENTE AS PESSOAS TEM QUE REFLETIR E SABER QUE TEMOS UM PASSADO ,UM PRESENTE E UM FUTURO QUE NEM SEMPRE E' BRILHANTE,MUITAS VEZES E' FEIO,TRISTE ,FEITO DE MOMENTOS RUINS ,FEIOS ,E UM FUTURO MUITO INCERTO PARA MUITAS ,MAS A MIDIA AS VEZES PASSA ESSA IDEIA DE GLAMOUR NA NOSSA VIDA,TIPO PATRICIA ARAUJO SO FOI FALADA E COMENTADA QUANDO PISOU NA PASSARELA DO FASHION WEEK,E COMO FOI PRA CHEGAR ATE' ALI????????FOI LUZES E HOLOFOTES,SUCESSO E GLAMOUR...........NAO FOI ESQUINA,ATURAR CLIENTE BEBADO E DROGADO,NOITES DE FRIO E CHUVA ,JUNTAR DINHEIRO PARA SAIR DO PAIS E GANHAR ALGUM DINHEIRO PARA ADQUIRIR ALGO AQUI DE PRIMEIRA NECESSIDADE TIPO CASA PROPRIA E O CONFORTO DE UM CARRO,PASSOU HUMILHAÇAO PELOS AEROPORTOS E HOTEIS COM SEU NOME MASCULINO NO PASSAPORTE,CORREU DE POLICIA,FUGIU DE MARGINAL,COMO TODAS QUE VIVEM DE VENDER SEU CORPO.........COMO A GRANDE MAIORIA DAS TRANS,MAS PARA TODO MUNDO ELA VIVIA EM UMA PASSARELA NO FASHION WEEK........LEA T TEM CIDADANIA ITALIANA SONHO DE MUITAS ,TEM CONDIÇOES SOCIAIS E FINANCEIRA MELHOR QUE A MAIORIA DAS TRANS MAS PASSA PELA MESMA TRANSFOBIA DE TODAS ,MESMAS ANGUSTIAS,DORES E DIFICULDADES DE ADAPTAÇAO.........BEIJOS CRIS..........PARABENS!!!!!!!!!/

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  3. estou totalmente de acordo com todas as palavras da top,todas passamos por todo isso.depreçoes e conflitos dentro das nossas cabeças e tao pouco somos totalmente felizes,eu mesma tenho varios conflitos comigo mesma.e parabens pelo comentario,bjsss....

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  4. Camila, querida amiga;
    em primeiro lugar obrigada pela visita e comentário no Blog! Fico feliz que tenha gostado do post.
    Em segundo lugar, parabéns por sua interpretação da fala de Lea T e de meu comentário de sua entrevista. Além de sua contribuição, com palavras verdadeiras, citando a transfobia vivida no dia a dia e até mesmo na prostituição. vinda muitas vezes dos próprios clientes, que se dizem T-lovers e ALGUNS agridem, violentam e até roubam ou matam as trans profissionais do sexo!
    Parabéns por suas colocações, sempre oportunas e coerentes. Volte sempre ao Diário! beijos.

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  5. Barbara,
    obrigada por seu comentário. Realmente, os conflitos pessoais para as trans são MAIS uns dos muitos problemas e dificuldades vividos por esta população. Por isso que Lea diz que não há vantagem alguma em ser transexual. Não entendo então o porque da glamourização (e marginalização) da transexualidade! Beijinhos.

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  6. achei genial o comentario de vc cris e de lea ...espero que isso seje um comeco para a sociedade entender e respeitar que nos transexuais temos os mesmos direitos de qualquer pessoa ...apenas precisamos de apoio ,incentivo ,e oportunidades ....pois tem tantas transex enfim ....que tem grandes talentos quanto a lea tem ...amei a reportagem ..bjsssssssssss luiza taylor

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  7. Luiza, obrigada por seu comentário, realmente esperamos que a sociedade abra os olhos e o coração para nos ver como somos de fato, e que temos nossos defeitos mas também muitas virtudes, talentos e nos orgulhamos de nossa luta e história! beijos e volte sempre ao Diário!

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  8. querida ser bombadeira não devia ser crime
    médicos matam e se vc for ao crm vão rir da sua cara. e outra medicos injetam coisa pior e vencida haja visto o dr. bolivar de caxias preso agora mesmo e´ha já solto a quem interessar possa.

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  9. Concordo com vc, Roberta...
    Afinal os médicos e enfermeiros são omissos e descuidados com nossa população especialmente.
    Mas todo o ato que vai contra a lei é crime, e o
    exercicio ilegal da medicina, seja de qual apresentação seja exercido, mesmo que em beneficio de uma população desassistida e ignorada como a de travestis e transexuais é passivel das punições previstas em lei. É uma pena, mas é o nosso Brasil.

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  10. ola cristyane sou uma trans gaucha e estou com cirurgia de redesignaçao de sexo marcada para fim do mes de julho e gostaria de saber com é o processo de troca dos documentos se ainda é burocratico na nossa cidade ; sendo que farei a cirurgia na tailandia com dr Kamol e nao no Brasil . existe diferença do processo da documentaçao ?

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