Depressão ou tristeza?


A depressão, infelizmente sempre foi um fato comum a mim, e a grande parte das (os) transexuais.

Antes de ser operada, tinhas crises de uma intesnsidade tamanha que me faltava o ar, e algumas vezes a vontade de respirar.

Tentei por várias vezes o suicidio, me agredia e me punia de todas as formas que conhecia por ter nascido "no corpo errado".

Algumas vezes tinha ódio de minha mãe por ter me trazido ao mundo, ter me feito com "defeito", enquanto ela era um mulher perfeita.

Sofria muito, sofria sozinha, e parecia que ninguém mais era como eu... Começei a me esconder das pessoas em meu quarto.

Em 1997, após saber pela televisão a resolução do Conselho Federal de Medicina, que tornava legal a prática da cirurgia de transgenitalização, tive esperança e vi que havia outras pessoas como eu, pois se não houvesse esta demanda não teria a lei.

Depois de operada, de readequada, pensei estar "curada" da doença, para a qual nunca aceitei ajuda médica ou psiquiátrica.

Mas depois da cirurgia, vinha mais uma luta, a retificação do registro civil, a mudança do nome e sexo nos documentos, para adequá-los a minha nova realidade.

(Hoje pode-se retificar o nome mesmo antes da cirurgia, e depois o sexo, e para as travestis é permitida a troca do prenome, sem a necessidade da mesma)

O que levou um, dois, três, quatro, cinco anos de espera e sofrimento. E novamente momentos de desespero e depressão.

Não estou dizendo que isso seja comum à todas, não penso que depressão seja associada a transexualidade nem vice-versa.

Por seu meu diário, estou contando a situação pela qual eu passei.

Nem tão pouco penso que uma pessoa depressiva (seja trans ou não) não precise de acompanhamento e ou tratamento, penso sim ao contrário, que por uma boa qualidade de vida e convivio social e familiar seja fundamental a procura de um profissional da área.

Após esses cinco anos de "Liberdade Condicional", finalmente sairam meus documentos já com o nome com o qual me identifico e reconheço, e as crises e consequencias da depressão foram ficando apenas na lembrança...

Mas algumas vezes, em dias cinzentos como os de hoje, por exemplo, e em algumas situaçoes e circunstâncias da vida, bate aquela tristeza, aquela nostalgia, e quando começa a sufocar, a dificultar a respiração acende aquela luz de alerta: SERÁ APENAS TRISTEZA, OU DEPRESSÃO?

4 comentários:

  1. Olá Cris! Parabéns, me identifiquei com a sua história. Os dias não tem sido fácil, estou em meio a minha transição, onde surgem dúvidas, medos e angústias. Infelizmente não tenho alguém da minha região com conhecimento para me ajudar. Tenho acompanhamento de uma psicóloga e endocrinologista, porém não conhecem muito do assunto e parece ser um tabu em nossa sociedade. Ainda estou tentando, apesar de tudo! Adorei seu blog, história de vida e conquistas! Sucesso pra você. Beijos

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  2. Oi Helena!
    Realmente, no inicio dessa transição as histórias meio que se confundem de tanto que se parecem umas com as outras...
    Mas o importante é sabermos que sempre temos a chance de sermos felizes, pois o amanhã é construido hoje! E por nós! Nunca desista, continue tentando e correndo atrás de sua felicidade e realização. Ainda mais que tens o apoio de uma psicóloga, coisa que algumas (muitas) infelizmente não possuem, e é muito importante... Não sei tua idade, mas deves começar tua busca por essa construção (pois a felicidade é isso) hoje, e ceetamente estarás escrevendo a mais linda história de uma vencedora, de uma realisadora de sonhos: VOCE! Beijinhos, e que Deus abençoe ricamente a sua vida.

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  3. Realmente esses seus comentários são bastante identificadores, eu penso que as vezes nunca vou conseguir esse processo e ao mesmo tempo penso que a mudança de sexo seja impossível por as vezes está tão distante, realmente as vezes fico pensando como será caso consiga chega lá quando estiver operada como será minha primeira vez já que nao considero que nunca tive isso

    bjos

    wendy

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  4. Gostei de sua história. Eu desde os 10 anos quero ser mulher. Apanhei muito em casa quando era adolescente por ter sido pega incontáveis vezes vestida com roupas de minha irmã. Hj vivo só com mamy e finjo ser homem contra minha vontade. Mesmo sendo católico praticante e gostar disso me sinto angustiada por não ser mulher. Sonho em virar mulher com nome de Carol Campos e ter marido e 1 filha. Estou com 37 anos. Que devo fazer? Obrigado pela ajuda. Tenho whatsapp. Bjs!

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