Faz tempo que comentei com minha cunhada que em cada novela
da Globo tem um gay... É “a bicha” das seis, das sete, e das oito.
É, em certo ponto positiva essa visibilidade, por mostrar em
alguns casos avida real, de uma pessoa real. Sem estigmas, sem afetação e
caricaturas. Em alguns casos, retratam a homossexualidade masculina com
respeito e dignidade, sem conotação puramente sexual (promiscuidade e
perversão) mas ainda vemos algumas pitadas de preconceito, mesmo que sutis, na
construção de alguns personagens.
Ontem a noite, estava assistindo a novela das 21.30 e um
rapazinho que era conhecido como gay, foi pego na cama com uma menina, e o fato
não causou muito espanto em sua irmã, pois ela justificou que ‘ele é gay, sim,
mas tem recaídas’. Já ele justifica que aquele bairro é ‘ruim de azaração gay’,
e então ele pegou o que tinha disponível, ou algo assim.
Não assisto a essa novela, mas minha cunhada assiste
(estávamos em sua casa, e ela me explicou que ele é gay, e se relacionará com
outro gay da mesma atração). Não entendo porque em cada novela tem que ter pelo
menos um gay, pois a emissora deixa claro o preconceito quando não autoriza
cenas de beijo gay, por exemplo. Alegam que a sociedade não esta preparada para
cenas como essas de dois homens se beijando, que seria uma agressão (eu também
até penso que não seria apropriado), mas a demagogia é escancarada, pois não
foi explicitado o relacionamento homossexual mostrando beijo gay, mesmo tendo
um ‘point gay’, mas no mesmo local foi mostrada uma agressão a um jovem
homossexual, que acabou falecendo após ser espancado covardemente, por um grupo
de homofóbicos. Uma cena chocante, revoltante, até.
Então a pergunta foi essa, e foi inevitável; ‘beijo gay
choca, é coisa de outro mundo. Mas agressão é tão comum assim? Ninguém mais se
incomoda, sente-se chocado com ela? Após assistir uma cena de espancamento, de
assassinato estimulado por preconceito homofóbico, dorme-se tranquilamente? E
as mães de jovens gays, preferem ver cenas explicitando amor, ou ódio? E você?
Muitas perguntas me vêm na cabeça, até hoje, e todo mundo na
época aplaudindo a iniciativa do autor por ter um quiosque gay na novela,
visibilidade, etc... Mas uma questão que eu levantei (e que não vi ninguém mais
levantar) e as travestis? No Rio não tem? Todo dia eu perguntava para o meu marido
quando apareceria uma trava, toda linda, ‘riquiiiiiissima’, toda feita e
glamorosa! Iria parar o quiosque, mas até o final da novela, não tive essa
satisfação, pensei que no ultimo capítulo a dona do estabelecimento receberia
representações LGBT, com travestis, transexuais, lésbicas e, claro, gays.
A única vez que a dona do quiosque falou em travestis, ainda
falou ‘eles’... Mas tudo bem, afinal para mim a atração principal da novela foi
a Nathalie L’amour, e seu impagável irmão, o cabeça (não lembro o seu nome, mas
ainda o escuto dizendo Pô, Bibi). Essa Globo... agora me lembro porque havia parado de assistir a suas novelas! Só mesmo as "Empreguetes" para me fazerem ter vontade de assistir, porque de hipocresia e demagogia, chega, né?!?
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