Barrada no Baile 2

Realmente interessante essa reportagem sobre a marginalização e descriminação de travestis em boates na noite de Fortaleza. Coisa que infelizmente se repete em todo o Brasil!
Muitas travestis e transexuais são barradas em boates, bares, clubes, e aqui no Sul nos chamados CTG's (Clube de Tradições Gaúcgas). Como se não fossemos cidadãs, não consumissemos e pagássemos nossa conta.
Por vezes, a exclusão disfarça-se em "norma da casa", "exigencia legal" ou "cultural", mas o fato é que as pessoas não estão preparadas para encotrar a travesti e transexual nas mais variadas situações sociais.
Hoje a Trans reside  e frequenta todos os ambientes, e em quase todos ainda encontra barreiras e resistencia como a encontrada na matéria.
Eu mesma já vivenciei esta situação em duas ocasiões. Na primeira, nos anos 90, estava eu com um amigo em uma boate "hétero" e fui ao banheiro. Uma mulher chamou o segurança dizendo ter um homem no banheiro feminino. Conclusão, fui retirada e agredida pelo segurança do lado de fora da boate. E olha que eu estava apenas no ambiente comum do toalette, usando o espelho para retocar o batom.
meu amigo em questão é uma pessoa super influente e conhecida na cidade, além de amigo pessoal da boate em questão e procurou o dono, pois além da agressão gratuita, o monstro fantasiado de Pitbull segurança afirmou que eu jamais entraria na boate. O dono repreendeu o segurança e ele justificou sua atitude ao chefe dizendo que ao entrar no banheiro eu estria brigando com uma cliente... Mentira!
Na segunda ocasião tive mais sorte (até parece) pois não sofri agressão fisica! Fui à um "bailão" com uma amiga, um lugar onde "travesti não entra" (não sei nos dias de hoje, pois isso já aconteceu a 20 anos) e entramos, estávamos nos divertindo quando um funcionário perguntou se poderia "conversar" comigo!
Pensei ser uma cantada e disse categoricamente que NÃO! Então ele identificou-se e pediu que o acompanhasse. Ao chegarmos na gerencia ele me informou que eu precisava me retirar do clube. Perguntei-lhe o porque e ele respodeu com uma pergunta: "Tú é mulher"? Minha resposta foi positiva, lógico. O moço pediu-me então os documentos e ao mostrar meu RG ele enfureceu-se e disse que ali não poderia ser frequentado por "esse tipo de gente" e mal tive tempo de despedir-me de minha amiga e fui "escoltada" sem nem ao menos devolverem-me o valor do bolhete de ingresso.
São coisas que marcam e ferem, na verdade mais marcam do que ferem, pois nunca mais tentei voltar naquele lugar; nem hoje, após a retificação de meus documentos civis.
Mas devemos sim frequentar e ocupar todos os espaços sociais e mostrar que somos igual, e temos os mesmos direitos de todo ciddão, e o principal é RESPEITO! E que sabemos de nossos direitos!
Pois somente assim mudaremos a mentalidade de pessoas tão preconceituosas e será tido como "normal" ver uma travesti ou transexual em qualquer lugar que um ser humano possa ocupar com dignidade.
Na Tailândia, transexuais são aeromoças, e sonho com o dia que serei servida e ou atendida por uma transexual ou uma travesti em um avião. Pois capazes e dignas desta e muitas outras ocupações certamente nós somos, basta termos acesso à este direito, que é um direito nato, o de ser IGUAL!!!

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